22 de junho de 2011

Analise Street Fighter IV

 
Depois de muitos anos de espera, finalmente o esperado "Street Fighter IV" chega às lojas, ainda que bem diferente do que muitos imaginavam. Seguindo as tendências atuais, agora a continuação é mostrada em um belo e moderno 3D, repleto de efeitos de luzes e partículas que não ficam devendo em nada a outros jogos da temporada, mas não abandona suas raízes 2D ou sua clássica mecânica. Apesar das mudanças estéticas e algumas adições interessantes, este é um genuíno exemplar da série que definiu o gênero de luta nos videogames há quase duas décadas.


Combate versátil

O modo principal simula o velho sistema dos fliperamas - se você estiver online e quiser, pode até aceitar desafios de outros jogadores em tempo real - em que você escolhe seu lutador preferido para viajar o mundo em busca de desafios. Todos os velhos conhecidos estão presentes como Ryu, Chun-Li, Blanka, Guile e Vega, acompanhados de alguns rostos novos, a exemplo do lutador de luta-livre mexicana (e alívio cômico) El Fuerte e rechonchudo praticante de kung-fu Rufus.

Todos os lutadores foram rebalanceados, mas inevitavelmente ainda há um ou outro mais forte, o que não chega a ser problema diante do dinamismo do sistema de lutas e da variedade do elenco. A escolha depende mesmo, no fim das contas, da empatia e do estilo de cada jogador. No geral, a impressão que fica é a mesma que teríamos se a CBF conseguisse clonar a seleção da copa de 70 para jogar hoje em dia e resolvesse enfiar alguns jogadores da seleção sub-17 no meio - os novatos com certeza fariam o trabalho, mas nunca teriam o charme e familiaridade das lendas. E há ainda outros personagens escondidos a serem habilitados, em um esquema bem parecido com os jogos da Namco, como "Soulcalibur" ou "Tekken".


Akuma vs. Gouken

A mecânica clássica permanece, com o esquema de seis botões de ataque, de fraco ao forte para soco e chute. Agarrões são realizados pressionando simultaneamente os dois fracos, as provocações com os dois fortes e os dois médios ficam a cargo de um novo elemento deste episódio, o Focus Attack. Este novo recurso não é essencial, mas é extremamente versátil: ao calcular corretamente seu tempo de carregamento, é possível atordoar seu inimigo ou mesmo cancelar um golpe especial.

Ao experimentar o Focus Attack você consegue ter noção de quanto "Street Fighter IV" é acessível para jogadores casuais e, ao mesmo tempo, profundo para os mais competitivos. Muitos sequer saberão da existência de tal recurso enquanto outros irão explorar várias maneiras de utilizá-lo em combate, não só para ataque, mas também para defesa. E há ainda uma vasta gama de golpes opcionais como os Super Combos (a barra de especial que se enche quando você desfere ataques), Ex Specials (os movimentos especiais que dão mais dano) e Ultra Combos (a segunda barra de especial que se enche à medida que você é agredido) que conseguem tornar as lutas mais dinâmicas, contudo, sem impor nada ao jogador. Dá para chegar o final somente na base do soco, chute e voadora, com ocasionais hadoukens e shoryukens.

Visual moderno


Seth, o chefe final

O time de Yoshinori Ono na Capcom fez questão de manter a mecânica clássica de "Street Fighter" presente nesta continuação, mas o mesmo não se pode dizer da apresentação. Visualmente este é uma nova criatura.
Logo na abertura, totalmente estilizada e regada a uma canção pop pegajosa de relevância duvidosa, temos certeza que se trata de um pacote de áudio de vídeo para atrair a nova geração de jogadores. O maior impacto fica na imagem dos protagonistas, que ficaram grandões e abrutalhados, ainda que repletos de detalhes e minúcias. É um estilo bem diferente dos jogos anteriores, e que talvez demore um pouco para conquistar aqueles fãs mais puristas.

Os cenários também seguiram as tendências e foram criados com muitos detalhes, alguns inspirados em locações clássicas da série. A câmera se movimenta livremente em determinados momentos, como em apresentações ou golpes especiais, mas independente dos movimentos, nada interfere na mecânica 2D.

O único ponto realmente questionável nesta plástica é a inserção de sequências em animê para ilustrar a jornada dos heróis. A animação é terrível e simplesmente não bate com o estilo do restante do jogo, sofrendo ainda com o roteiro confuso característico da franquia, que sua bastante para situar este episódio entre "Street Fighter II" e "Street Fighter III".


Blanka vs. Balrog

Como qualquer outro jogo moderno que se preze, "Street Fighter IV" ainda conta com vários modos extras para prolongar a experiência do usuário, offline e online. Há vários pontos interessantes como time attack, survival e um training mode bastante completo, além de vários bônus colecionáveis. Para jogadores competitivos, o multiplayer online é uma boa pedida para avaliar suas habilidades contra participantes ao redor do planeta, ainda que a experiência não seja totalmente livre de problemas de desconexão ou pequenas travadas.

Por fim, vale indicar a compra de um bom controle tipo arcade para curtir o jogo de maneira plena - o controle do Xbox 360, em especial, é horroroso para este tipo de tarefa. Também é interessante instalar o game no disco rígido do console, pois tanto o Playstation 3 quanto o Xbox 360 ganham alguns segundos extras preciosos nos carregamentos entre as lutas.

CONSIDERAÇÕES

"Street Fighter IV" traz de volta figuras lendárias do universo do videogame em grande forma, mantendo a mecânica clássica por baixo de pesadas mudanças estéticas de uma franquia fundamental. É um jogo extremamente acessível para o jogador casual que esconde um esquema complexo para agradar também o consumidor mais agressivo e competitivo. É um pacote sensacional que une desde saudosistas a marinheiros de primeira viagem em torno de um dos melhores jogos de luta desta geração.



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